Precisamos valorizar nossos professores

Precisamos valorizar nossos professores

Por Thiago Henrique, OAB/MA 10.012

A atividade do magistério não recebe, de nossa sociedade, o prestígio e o respeito devidos. São incontáveis as situações que demonstram a falta de valorização dos nossos professores.

Culturalmente não temos, ou perdemos, a ideia de que o professor deve ser valorizado financeiramente à altura da importância da sua atividade para a coletividade. Isso, sem olvidar do respeito ao cargo que estamos deixando de passar aos nossos jovens.

A sociedade brasileira vem aos poucos reconhecendo a importância da educação para o desenvolvimento do país. Mas muito ainda precisa ser feito, não é suficiente o lema “Brasil Pátria Educadora”, é preciso agir.

Um bom ponto de partida é analisar a situação dos professores em outras partes do mundo para que possamos entender o melhor caminho a seguir.

A Finlândia e a China são bons exemplos, estes países são reconhecidos por terem implementado verdadeira revolução na educação e, em virtude disso, hoje colhem os frutos dessa revolução.

Eficiência com gastos com educação

Pesquisas trouxeram um panorama sobre o reconhecimento do trabalho do professor em diversas países. Um dos estudos, realizado pela Gems Education Solutions, teve a intenção de medir o grau de eficiência dos gastos dos governos com educação. O estudo comparou a média de gastos com educação, em 30 países, com resultados dos alunos no teste Pisa de avaliação de habilidade de leitura, matemática e ciência de jovens de 15 anos de idade.

Em termos de eficiência, a Finlândia ficou em primeiro lugar, seguido pela Coreia do Sul, a República Checa e a Hungria. Brasil e Indonésia ficaram nas últimas colocações.

O estudo demonstra que o Brasil tem apenas 25,45% de eficiência nos gastos com educação e sugere que o governo brasileiro deveria aumentar o salário dos professores em 180,4% para alcançar a meta estabelecida pelos pesquisadores.

Professores com melhores salários

Com relação ao salário pago aos professores, a pesquisa mostrou que o Brasil é o antepenúltimo colocado, à frente somente da Hungria e da Indonésia. Neste quesito temos muito o que evoluir.

A comparação foi feita levando-se em consideração os ganhos anuais, convertidos em dólar à época da pesquisa, dos professores de cada país. A Suíça ficou em primeiro lugar com uma média anual de US$ 68.000,00 (sessenta e oito mil dólares) pagos a cada professor. Maior do que a média nacional, que é de US$ 50.000,00 (cinquenta mil dólares).

Após a Suíça, os melhores colocados são Holanda(US$ 57.000,00), Alemanha(US$ 53.000,00) e Bélgica(US$ 51.000,00).

Quantidade de alunos para cada professor

Outro dado revelado pelos pesquisadores é a quantidade de alunos por professor em cada um dos países participantes da pesquisa.

Mais uma vez o Brasil ficou nas últimas posições. Pior, fomos os últimos colocados neste quesito. A média revelada pela pesquisa é de que cada professor é responsável por 32 alunos.

Na outra ponta da tabela está Portugal, com apenas sete alunos por professor. Noruega e Grécia também têm relativamente pequenas turmas.

Em alguns países, a pesquisa apontou que o aumento de alunos por professor poderia ajudar a melhorar a eficiência do sistema. É o caso da Finlândia, que poderia aumentar a média de 13 alunos por professor para 16 e, com isso, ter um ganho em eficiência.

Respeito ao professor

Outra pesquisa, publicada pela Varkey GEMS Foundation, questionou mil pessoas em 21 países para medir o grau de respeitabilidade dos professores perante a sociedade. A pesquisa indagou se as pessoas consideravam os salários dos professores justos e se elas encorajariam seus filhos a se tornarem professores.

A China foi a melhor colocada no índice, seus professores são os mais respeitados pela sociedade. Lá, o respeito aos professores é comparável ao respeito aos médicos. Além disso, a própria família encoraja os jovens a seguirem a carreira do magistério.

O Brasil, como esperado, ficou em uma das últimas posições, em penúltimo. O estudo revelou que os brasileiros confiam no trabalho dos professores e acreditam que o salário dos docentes deveria ser maior, mas a grande maioria não encoraja seus filhos a seguirem essa carreira.

Por outro lado, o estudo demonstrou a grande respeitabilidade de professores na China, onde existe uma forte ênfase cultural na importância da educação.

Sunny Varkey, fundador da Varkey GEMS Foundation, afirma: “É minha ambição que professores sejam respeitados como médicos. Infelizmente, em muitos países ao redor do mundo professores não detêm o status elevado que considerávamos um direito adquirido.”

Temos muito o que batalhar pelos direitos dos professores, mais do que isso, temos que criar a cultura da valorização da educação e do profissional da educação para que os nossos jovens possam almejar a carreira do magistério, a única profissão capaz de mudar a nossa realidade.

FONTES:

http://www.theguardian.com/teacher-network/teacher-blog/2014/sep/05/how-the-job-of-a-teacher-compares-around-the-world

http://www.theguardian.com/teacher-network/teacher-blog/2013/oct/03/teachers-rated-worldwide-global-survey

http://www.bbc.com/news/education-24381946

Índice global de eficiência (em inglês)

Índice global da condição de professor (em inglês)

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